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Em 1868 a sede foi transferida para o Largo da Independência, hoje Praça D. Pedro II mais conhecido por Largo do Palácio. É possível que tenha mudado de salas, embora no mesmo imóvel.
A Sede Social permaneceu nesse local até o ano de 1906, quando foi inaugurado o Edifício da Sede própria a Rua Senador Manoel Barata a que vamos nos refletir.
A primeira vez que se pensou na aquisição da sede própria, foi na sessão de Diretoria de 06.03.1893, cuja ata foi lavrada o seguinte: “Resolveu-se dar principio aos trabalhos preliminares para ver se consegue levar a cabo um empreendimento que a Diretoria pensou em realizar e para a cuja realização contou com a boa vontade e recursos de todos os sócios, visto que a utilidade desse melhoramento é incontestável e imprescindível para o levantamento desta sociedade: É a edificação de um prédio próprio e adequado para o Grêmio Português.
A inauguração da Sede Social do Grêmio constitui um dos grandes acontecimentos da Colônia Portuguesa no Pará. O novo edifício que depois de concluído e decorado ficou em 120 contos de réis, é constituído de três pavimentos. A vistosa escadaria dividida em dois lances tanto do térreo para o primeiro andar, como deste para o segundo dão um aspecto importante ao interior do edifício.
No salão nobre foram pintados de corpo inteiro os retratos de duas grandes figuras da Poesia e do Teatro em língua portuguesa – Luis de Camões e Gil Vicente. No outro salão lateral, o artista Irineu de Sousa pintou também a corpo inteiro os retratos do Santo Condestável Nuno Álvares Pereira, o Duque Saldanha e do Infante D. Henrique tendo a seu lado o globo terrestre e a divisa “TALENT DE BIEN PAIRE”.
Em retrato tipo Medalhão, vêem-se o Marquês de Pombal, o Príncipe Perfeito, Mouzinho de Albuquerque e outras figuras da Historia de Portugal. Nos salões do 2º andar foi instalada a biblioteca com vistosas estantes de madeiras paraenses.
No “hall” de entrada do edifício, foram colocados dois grandes painéis de azulejo azul e branco, também vindos de Portugal. Um, constitui o retrato da Universidade de Coimbra, o outro, reproduz a célebre tela do pintor brasileiro Victor Meireles – “A PRIMEIRA MISSA NO BRASIL”.
“Conforme dissemos ontem em ligeira noticia, a festa com que a Diretoria do Gremio Literário Português solenizou a inauguração do novo e magnífico edifício de sua sede, à rua Senador Manoel Barata, canto com a Trav. Dr. Frutuoso Guimarães, ocorreu o que Belém possui de distinto em todas as classes sociais.
O belo edifício, decorado pelo pincel de Irineu de Sousa, banhados de luz, regurgitava da fina flor da nossa sociedade, representada por senhoras e cavalheiros, por todos os títulos respeitáveis.
O salão de honra, que as efígies dos homens mais ilustres de Portugal, nas letras, nas ciências, nas artes e na navegação, belamente reproduzidas por pincel de mestre em suas paredes, dão um aspecto de galeria artística, apresentava um conjunto distinto que por muito tempo será lembrado por quantos assistiram a essa festa finamente intelectual e de progresso.
Os Portugueses que passaram a emigrar para o Brasil após a Independência deste país, tinham pela frente um vasto campo de atividades a explorar que podiam exercer livremente, de maneira que, devido ao seu espírito empreendedor e firme vontade de triunfarem num meio que lhes era promissor e em pleno desenvolvimento, alcançaram ótimas posições nas diversas atividades profissionais a que se dedicaram.
Inicialmente, isolados dos parentes e amigos que deixaram nas outras margens do Atlântico, numa época de comunicações demoradas e de meios de distração reduzidos, sentiam a nostalgia das distancias e do isolamento domestico, embora estivessem num território onde de falava a mesma língua, se professava a mesma religião, com usos e costumes em alguns casos muito comuns com a Pátria distante, mas o meio ambiente era, no entanto diferente.
No intuito de se congregarem para matarem saudades da Pátria e do lar, ou de se precaverem tendo onde se recolher em caso de doença, e ainda com a vontade de se elevarem pelo estudo, resolveram fundar associações recreativas, de beneficência e os gabinetes de leitura.
Já em outras épocas, os portugueses haviam fundado as Misericórdias que a Rainha D. Leonor semeara na Metrópole e que tão brilhantemente prosperam também na Índia e no Brasil, onde são mais conhecidas por “Santas Casas”, agora confiadas à administração de naturais dos respectivos territórios e gozando de proteção financeira dos poderes públicos. Quantos e quantos serviços tem prestado o Hospital da Santa Casa do Pará que teve como predecessor o Hospital dos Pobres fundado pelo caridoso Frei Caetano Brandão que mais tarde viria a ser Arcebispo em Braga.
Dentro do espírito de cooperação e assistência a que nos referimos, começaram a surgir novas instituições onde havia núcleos de portugueses, que lhes dedicavam grande afeição e entusiasmo pelo seu funcionamento, legando-lhes muitas vezes suas fortunas quanto não tinham herdeiros forçados.
Como mais antiga instituição lusa do Pará, temos a Benemérita Sociedade Portuguesa Beneficente, que Francisco Medeiros Branco fundou em 1854, a qual tantos serviços tem prestado a brasileiros e portugueses no campo assistencial, sendo hoje uma próspera Associação.
No ano de 1867, nascia o Grêmio Literário Português.
Foi sob o mais lisonjeiro aspecto que teve lugar no domingo ultimo(29/09) a reunião de sócios desta nova associação no edifício onde funciona a Sociedade Portuguesa Beneficente, para tratarem da eleição de mesa provisória e da confecção dos estatutos para a mesma associação.
Uma vez votados os estatutos e devidamente aprovados em reuniões de 13 e 27 de outubro, sancionados pelo governador provincial em 20.12.1867.
Instalou-se com cento e quarenta sócios, e procedeu-se a eleição da Diretoria provisória, cuja duração será até a conclusão dos referidos estatutos e que seriam aprovados pela Assembléia dos associados e pelo presidente da Província.
Pelo que se revelam os primeiros documentos, a instituição foi fundada com o nome de Gabinete Português de Leitura, mas no livro de presença das Assembléias Gerais de 13 e 27 de outubro do mesmo ano já se lê o nome de Grêmio Literário.
Os referidos estatutos foram sancionados pelo governador provincial por ato de 25 de novembro de 1867, mediante o seguinte despacho:
“ Joaquim Raimundo de Lamare, presidente e comandante das armas da Província do Pará, Comandante em chefe da Força Naval no 3º Distrito, Conselheiro de Guerra, Vereador de Sua Majestade a Imperatriz, Vice-Almirante da Armada Nacional e Imperial, condecorado com a dignatária da ordem da Rosa, comendador das de Avis e de Christo, Oficial da Ordem Imperial do Cruzeiro, condecorado com a medalha de outro da Ordem da Tonelero e Uruguaiana, Grão Cruz da Ordem de Christo de Portugal e da Ernestina da Casa Durcal de Saxe e Comendador da Imperial Ordem Austríaca da coroa de Ferro Legião de Honra.
Faço saber que, usando da faculdade que me é conferida na parte 2ª do art. 2º da lei nº 1083 de 22 de agosto de 1860, e tendo em vista as disposições contidas nos decretos e regulamentos que tem baixado do Governo Imperial, aprovo os seguintes estatutos da sociedade Grêmio Literário Português – estabelecido nesta cidade, que foram submetidos a consideração desta Presidência pela Diretoria provisória da mesma sociedade”.
Os originais manuscritos, dos estatutos e do despacho acima transcritos, devidamente autenticados e com o selo da autoridade, foram subscritos por 157 nomes.